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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Morrer Contínuo


Como uma sombra da escuridão
Projetada no infinito caos
Contemplo-me no espelho...
E só vejo destroços de mim !
Vestígios obscuros do que um dia fui.
Contemplo-me no espelho
Abro a garganta num desespero profundo
Procurando entoar uma canção...
Mas o coração pulsa frio...
E a garganta entreaberta
Só expressa ecos de um silêncio mórbido!
E eu me pergunto
Vida onde estás?
Onde estás vida?
E eu me respondo,
Não mais dentro de mim.
Contemplo-me no espelho
E já não mais me vejo
Lanço-me no chão em desespero...
E já não mais me sinto.
Sou como sombra da escuridão...
Sem luz...
Sem vida...
Sem razão!
Já pereceu a minha força
E se angustiou a minha graça
Se desgastou o meu sorriso
E desbotou a minha raça!
Chuva, sol, céu, noite e dia
São hoje sinônimos de agonia.
O doce tornou-se amargo
O mel tornou-se fel.
As drogas que consumia
Em busca de alegria
Hoje me consomem,
Ditam as regras,
Arrastam-me num negrume
Destroem minha esperança!
Alucinógenas, me alucinam!
Minando o meu querer
Tirando-me a vontade própria
Dominando todo meu ser.
Encontro-me em desespero!
Desespero, desespero, desespero humano.
Sou como trapo de imundície
Verbalizando tolices...
Numa retórica vã!
Já não sei quem sou
Já não sei quem fui
Já não tenho memória
Tenho apenas pus!
Já não tenho presente, passado ou futuro.
Já não existe o tempo neste vácuo escuro.
O que parecia uma saída
Tornou-se prisão.
O que era vento brisa
Tornou-se furacão.
O que parecia encontro
É hoje desencanto e desencontro.
O que parecia solução
É hoje soluço na amplidão.
O que parecia refúgio
Transformou-me em refugo...
Resto de gente...
Resto de mente...
Numa grande mentira...
Destruição!

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigado primo! Fico grato por sua leitura e comentário e feliz por teres gostado!

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