Chuvas de inverno
Chuvas de verão
Chuvas que não
choveram
Chuvas que não
molharam
Chuvas que não
inundaram
Chuvas de cada
estação.
Chuvas pra todo lado
Menos pra meu
sertão.
Águas que dizem sim
Águas que jorram
enfim
Molhando grande
vastidão
De terras do sem
fim.
Águas que dizem não
Águas que jamais
jorrarão
Nem sequer tocarão
Ínfimas partes do
meu sertão.
Águas que nos foram
negadas
E não entendemos a
razão!
O porquê
Do sim pra lá
O porquê
Do não pra cá.
Por que tanta
desproporção!?
Águas doces nos
foram negadas
E por falta desta
doçura
Meu Deus quanta
loucura!
Nossas vidas ficaram
salgadas.
Águas doces do céu
não desceram
Porém...!
Águas salgadas de
nossos olhos verteram
E o clamor de nossos
filhos esquálidos
Percorrem o mundo
inteiro.
Mas o mundo inteiro
não liga não.
Estão todos em
tresloucada correria
Para saciar tanta
ambição.
E o tempo inexorável
passa
Chego a pensar que é
até pirraça
Tanta desgraça pro
meu sertão.
Será que Deus não
percebe
A nossa situação?!
Nossa sede de água e
de justiça
Nossa tremenda fome
do pão.
Porém entendo que
este Deus.
Mesmo no céu não se
esconde
E a resposta está na
pergunta
Adão você está onde?
Onde está você Adão?
Que não ajuda seu
irmão
A vencer a seca do
sertão?
A resposta está na pergunta
Travada na garganta
que não quer calar
Se a água não vem lá
de cima
Por que então não
fazemos
A água de baixo
jorrar?!
E assim se cumpriria
uma antiga profecia
Que há muito se
dizia:
Com a boa vontade
dos homens
O sertão vai virar
mar.
Águas doces nos
foram negadas
Águas debaixo do
chão
Águas abençoadoras
Capazes de saciar
A fome e sede de
justiça
Desta gente que aqui
há.
Águas doces nos
foram negadas
E permanecemos em
sequidão
Afogando as nossas
mágoas
Na poeira do sertão.
Enquanto vidas lá
fora
Desperdiçam este
quinhão.
Águas doces nos
foram negadas
Águas salgadas
vertemos então.
E nosso sorriso
amarelo
Incomoda ninguém
não.
Sorriso amarelo e
seco
Tal qual o sol deste
sertão.
Águas doces nos
foram negadas
Mas a doce água da
vida
Ninguém pode negar
não
Pois esta tão doce
água
Está disponível pra
qualquer cidadão.
Esta é água de
qualidade
Jorrando em qualquer
direção.
Água da vida pra
vida.
E sua fonte se chama
compaixão!
Esta água é de graça
e dá graça
Manancial pra o povo
do sertão.
Aqueles que beberem desta
doce água,
Fome e sede jamais
terão
E a fome e sede de
justiça
Pra sempre saciarão.
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